quarta-feira, 2 de maio de 2012

Em meio às tantas direções...

Eu vivo o meu tempo, e estou em contradição com ele. É bem verdade que este texto é só uma mera confissão de muita abrangência - senão toda - pessoal, talvez ele vá guiar mais alguém pelos mesmos meandros que o meu pensamento seguiu, ou talvez não, não importa. O mundo quando eu era criança se resumia numa única função e desejo, pelo menos até os meus seis/sete anos de idade: ser arqueóloga. É claro que as intempéries já da vida adolescente foram ampliando esses horizontes e mesmo antes eu ligava à ideia de profissão também aquela de aventura propriamente dita. Naquela fase da decisão praticamente 'obrigatória' de um futuro a ser percorrido, eu me encontrei em dúvida entre filosofia e biologia. Filosofia porque sempre achei um descaso e falta de interesse na formação dos seres a exclusão dessa disciplina. E biologia porque eu naturalmente me interessava pelo funcionamento do mundo ao meu redor. Ambas explicações de forma bem sucinta. Enfim, eu escolhi por fazer história antes de toda e qualquer coisa e não me arrependo disso. Mas o que me leva a escrever hoje são as barreiras que vejo em meus - ainda tantos - desejos restantes: eu quero levar aquela vida de aventureira nem que seja por alguns meses, nem que eu negue o lado nômade da coisa ou mesmo arqueológico, só por realizar essa vontade mesmo. Eu quero com isso poder repensar tantas cristalizações culturais que eu tenho com um conhecimento tão ínfimo e recluso a uma porcentagem minúscula desse território brasileiro. Ampliar horizontes, ir além das leituras, além do conhecimento que, por mais que não seja estático, deixa de trazer vida e experiência às afirmações dadas. Eu quero poder cantar, mesmo que seja para um público pequenino e, com o canto, retomar minhas aulas de teoria musical para poder também retornar às aulas de violino que tanto me fizeram bem. Eu quero poder escrever livremente, sem restrições de pensamento por conta de 'áreas do conhecimento'. Eu quero conhecer, cantar, pintar, tirar fotos, desenhar, viajar, ver, escrever, 'criar'. Essa é uma confissão de desejos que estão sendo no momento afogados lentamente para um futuro 'eu', um 'eu' que se mobilize hoje ou amanhã ou qualquer dia talvez para não deixar que o pouco de minha história que se traçou se perca de forma insignificante em meio às exigências de uma sociedade doente.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Review 5


Lacuna Coil - Dark Adrenaline

Comentários gerais sobre o álbum: Lacuna Coil é uma banda que me encanta em vários sentidos: eles são de um país que me agrada, a Itália; tem uma tradição musical diferentona dentro dos gothic metal e já tiveram suas fases ‘negras’ e, com esse álbum, acredito que estejam retornando aos antigos parâmetros. É uma banda que se enquadra nos ramos Evanescence e Nemesea da coisa, então sem muitos detalhes.

Trip the darkness: Essa música começa com o que eu chamei de tradição da Lacuna Coil e também chamo atenção para o fato de ela parecer continuar de alguma outra música. O ‘Dark Adrenaline’ usou muito mix entre as vozes femininas e masculinas e, pra mim, essa preferência já se dá de Nemesea até Epica. ‘Trip the darkness’ tem um belo uso de guitarra e o refrão repetitivo que tem a função base de bandas como essa – que não deixam de ser boas, como Rammstein.

Against you – Continua a faixa anterior e eu diria que a amplia. ‘Against you’ é uma das faixas desse álbum que eu mais gosto porque a bateria me chama atenção de início e ela usa mais mudanças melódicas. Nem preciso dizer que de 01:50 min em diante a música alcança um ponto de completo êxtase, não é? Pois ela alcança e nem precisa mudar muito, só sabe usar a guitarra.

Kill the light – Faixa que possui um começo carismático. A ênfase logo é passada para a vocalista e o questionamento básico de Lacuna – às vezes eles aprofundam isso com temas religiosos, mas nesse álbum parece mais voltado para a decepção no amor e o existencialismo -, e permanece nesse esquema até o final, o qual encerra com o vocalista direcionando certas perguntas. Música bem feita.

Give something more – “My angel is long gone, I don’t wanna pray. Give me something more to sacrifice” como pode se ver, essa é uma das únicas músicas no álbum que questionam o assunto de tema religioso, tal assunto é uma marca em Lacuna desde os primeiros álbuns com músicas como ‘Heaven’s a lie’, eles sempre procuram provocar as pessoas com algumas perguntas e sentenças. Dou destaque especial para o refrão dessa música que é muito gostoso de ser acompanhado vocalicamente.

Upside down – O vocalista também começa com crises existenciais no sentido mais ‘perdido’ do termo. A música permanece na mesma por um longo tempo, só intercalando os vocalistas até 01:47 min, espaço esse que a guitarra faz um breve trabalho.

End of time – ‘End of time’ me dá certa nostalgia e eu não sei exatamente do quê. É uma canção que começa de forma muito bonita, sabendo usar o que há de melhor na voz da Cristina em combinação com a bateria. O vocalista também não fica pra trás, sua voz não é irritante em nenhum ponto da música. É o tipo de som bom pra praticamente qualquer momento no qual você precise se concentrar porque não é perturbante. Destaque para 02:40 min, ponto no qual a música muda para dar destaque ao refrão que logo retorna, parte fantástica.

I don’t believe in tomorrow – O início cria uma vibe quase sufocantemente misteriosa e eu aprecio bastante isso, assim como essa faixa no geral. O refrão particularmente é fraco, mas o caminho feito até ele e a letra são de grande perspicácia e possivelmente viciantes. Em 02:57 min também há uma explosão do vocal e do trabalho de guitarra muito interessante para o contexto apresentado, sem falar que ela se fecha com o mesmo som etéreo de fundo.

Intoxicated – ‘Intoxicated’ não é uma faixa que me chame atenção em praticamente nada a não ser o uso de vocal continuado em alguns pontos - estratégia sabiamente utilizada -, então eu vou aproveitar para fazer um apontamento: no álbum anterior, Shallow Life, as críticas permaneceram, porém o background musical havia mudado de perspectiva assim como ocorreu recentemente com a maioria das bandas destacadas aqui, eles pegaram tendências pop e eletrônicas e souberam usar numa dose bem pequena. No entanto, como pode se ver, eles voltaram ao modo 100% deles, seja uma reclamação de fãs ou a mera reflexão do grupo (ou ambos) eu gostei.

The army inside – O final do álbum me parece não só uma perda de força muito grande como quase que a escolha consciente de que ‘essas vão ficar pro final porque não chamam tanta atenção’ e de fato não chamam. ‘The army inside’ tem um refrão legal e aquele uso do vocalista masculino bem direcionado como antes.

Losing my religion – Acho que essa letra não fala da religião como antes, mas do existencialismo em si. Claro que há alusão à perda de fé, mas vai muito além disso. “Oh life, it's bigger, it's bigger than you” e parte daí… Essa música eu também gosto bastante, embora reconheça que não foi das mais bem pensadas ela tem uma belíssima melodia e reflexão que vale pelo álbum inteiro.

Fire – Essa faixa é a menor do álbum, ela chega a fazer cócegas nos ouvidos de tão rápido que passa e eu não consigo julgá-la direito: nada excepcional sobre o instrumental, nenhuma novidade vocal, nenhum destaque.

My spirit – E o tamanho de ‘Fire’ é compensado em ‘My spirit’ uma vez que esta é a faixa mais longa do álbum com seus 05:50 min, quase 6 minutos! Naturalmente a extensão leva a pensar como preencher esses minutos de forma mais completa para que o ouvinte não se canse e vá procurar uma dose de adrenalina mais imediata. Acredito eu que a música tenha cumprido essa tarefa, ela não me cansa pelo menos, principalmente porque os refrãos (que são relativamente lentos) não duram muito tempo, o que dura mais são os intervalos sonoros mesmo. A parte em italiano com o som da Cristina abruptamente de fundo retomando a melodia são 9 em 10 vezes arrepiantes, sem falar do trabalho após isso. Conclusão de álbum de alcance mais do que aprovado.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Review 4



Nightwish - Imaginaerum

Comentários gerais sobre o álbum: Nesse álbum algumas considerações iniciais são de extrema importância. A primeira delas consiste no fato de que ‘Nightwish’ é uma de minhas bandas favoritas e tem estado no meu repertório musical há sete anos, este fator torna, naturalmente, o meu julgamento ainda muito mais tendencioso do que nas críticas anteriores. Em segundo lugar, apesar de todo o meu estranhamento inicial com a nova vocalista Anette Olzon, eu devo dizer que ‘Imaginaerum’ teve um trabalho instrumental geral e vocálico de excelente alcance, portanto eu considero esse álbum o melhor e o meu favorito da banda até agora.

Taikatalvi – Há dois elementos nessa faixa inicial que me comovem: o primeiro é o uso da caixinha de música com o instrumental mais ‘trilha sonórico’, digamos assim, acrescentado gradualmente; e o segundo é a linguagem. O uso de finlandês em Nightwish é pra mim tão efetivo emocionalmente quanto o é o uso de latim em Epica. Basicamente é isso, é uma faixa que por menor que seja não deixa de ter um trabalho fenomenal: uma parte introdutória, uma parte secundária com os preceitos de uma trilha sonora de grandes proporções e a terceira parte que contém o velho e necessário prelúdio ao folk Nightwishiano.

Storytime – Nightwish não se encontra como banda de exceção, eles também têm a sua faixa comercial e ‘Storytime’ é a da vez. O Tuomas revelou numa entrevista que escolheu ela pra promover o álbum porque crê que a mesma faz uma síntese da obra mais apropriada do que as demais canções. Até me parece um apontamento razoável levando em consideração uma gota de Imaginaerum. Eu quero dizer que ‘Storytime’ é uma faixa que pega um ou dois traços do álbum e fica brincando com eles ao longo da música toda, que fica dentro desse universo orgânico próprio. Como eu disse anteriormente eu amo esse álbum e não vejo nisso uma crítica pejorativa, muito pelo contrário, a banda foi do específico ao mais geral e inovador das mais variadas formas sem perder a harmonia. O que eu sempre gostei demais em Nightwish é o espaço pra diferentes instrumentos e melodias diversas sem criar aquele espaço mental para, sequer espreitar, ficar enjoado.

Ghost river – Não só a voz da vocalista se ampliou muito desde que entrou na banda como também as novas músicas foram feitas pensando nos alcances vocais dela, não tinha como dar errado. Outra sacada fenomenal foi que, pra criar a vibe necessária para o filme deles, a voz do Marco foi constantemente requerida e convenhamos que ele e a Anette formam um belíssimo dueto. Então vamos mapear – porque essa é uma faixa e tanto -: a guitarra de início já apresenta outro caráter ao álbum e assim a orquestra acompanha, no próximo momento a Anette canta e é o teclado que exibe o papel de incitar a imaginação para que assim, todo esse arranjo, possa desaguar no pré-refrão apresentado pelo Marco com forte presença de guitarras e a voz encorpada. O refrão também é interpretado pelo Marco e a Anette só entra com os vocais de fundo. Uma vez que o esquema inicial da música retorna, os sons utilizados são pra dar uma ideia circense, não esquecendo o parque de diversões, e isso cabe ao teclado de fundo – lembrando que o Tuomas pensou no álbum como que num passeio de montanha-russa por um lugar esquecido e mal-assombrado. O solo de guitarra em 3:26 min só começa a apresentar porque eu gosto tanto desse álbum, é um trabalho fantástico que a orquestra faz de fundo, além de colocar as crianças cantando pela primeira vez – creepy detail – e enfim, após a Anette cantar de forma diferentemente linda a bateria faz uma homenagem final no primeiro plano que te leva para um redemoinho que acaba em outro universo.

Slow, love, slow – Voltamos no ‘tempo’. Minha reação inicial ao jazz: ‘Nossa, que lixo’. Minha reação depois de ouvir Nightwish com jazz e o misto de metal: ‘Oh, meu zeus, o que tenho eu perdido por toda a minha vida?’ De longe minha música de jazz favorita. A vocalista encontrou uma vocação – se ela se interessar em seguir – que seria essa de cantar músicas mais lentas com acompanhamento de piano. Perfeito. Todas as músicas terão um propósito cinematográfico e essa eu sei que se encontra numa das recordações da personagem principal, momento esse que ela está num bar alguns anos atrás e o jogo do filme será tocar a música ou pelo menos um trecho dela no bar com a parte central da bateria contendo os ponteiros de um relógio – correlação com o retorno no tempo e tudo mais e também um dos efeitos finais da música. Destaque para 2:55 min em diante.

I want my tears back – E o que eu disse sobre o folk? Usar a orquestra com o metal sinfônico não é fácil, mas é razoavelmente aceitável. Jazz? As coisas começam a ficar mais complicadas. E o folk então? Como encaixar os instrumentos? Nightwish faz isso tão bem que se se tornasse uma banda de symphonic folk metal eu não estranharia. Então se o ouvinte tiver interesse de conhecer melhor esse estilo tão próprio que eles proporcionam de forma bem feita, essa faixa seria apropriada assim como ‘Last of the Wilds’, ‘The Islander’ e ‘Moondance’ dos álbuns anteriores. A letra faz adesões constantes à Alice in Wonderland, uma vez que a personagem principal se encontra perdida – ou não – em suas memórias. E, para que a ideia se concretize, o instrumental folk “cresce” principalmente lá para o final, momento esse em que a personagem se liberta e só o refrão de consciência do presente se repete: “Where is the wonder? Where is the awe? Where are the sleepless nights I used to live for? Before the years take me, I wish to see the lost in me”.

Scaretale – O ponto mais característico de trilhas sonoras de Imaginaerum. A ideia de usar os coros com crianças foi além da minha imaginação e expectativa e criou de fato uma atmosfera muito adesiva. A melodia de início dessa canção também é comovente, tanto com as crianças como com o instrumental. Essa é a faixa na qual a personagem principal estará tendo uma espécie de delírio e, portanto, a Anette e o Marco adotaram vozes teatrais. A ênfase vive mesmo em criar essa combinação: instrumental sinfônico, o teatro e as crianças. É incrível como os primeiros 3:45 min de música parecem passar em meros 30 segundos, a partir desse tempo é que o Marco apresenta a segunda metade da música. Depois disso, a inferência ao circo é muito apreensível. Isso tudo só criou uma curiosidade para com o filme muito maior do que tudo o que já havia sido criado.

Arabesque – Eu amo links. E aqui existe um link tríplice: ‘Scaretale’ gruda em ‘Arabesque’ que gruda em ‘Turn Loose the Mermaids’ e isso só torna impossível a tarefa de ouvir uma única dessas faixas. A admiração também convém a ser tríplice: ‘Arabesque’ já vai te levando para um mundo menos assombrado e terrível do que o anterior, mas talvez mais animado e misterioso. Essa faixa contém um grupo de vozes ritmado que não poderia existir melhor em nenhuma outra faixa senão a intermediária.

Turn loose the mermaids – Parece que ‘Arabesque’ termina sem linkar com essa, não é mesmo? Porém o segredo se encontra nas notas, a nota é a mesma num tom abaixo; isso passa a ideia mental de continuação. Eu amo tudo nessa música, o teclado de fundo, o instrumento de cordas, as batidas, a troca de melodias, o uso da voz dela de forma lenta, tudo. E principalmente a reação que eu tive ao associar o trecho de 2:34 min com o mestre Hans Zimmer na música ‘Rango Suite’, fosse proposital ou não - o que pode ser uma vez que o compositor alemão é um grande exemplo musical para o Tuomas -, comoveu-me de forma realmente muito grande. O finalzinho apresenta vocal duplo da Anette – de forma estável e de forma continuada -, fantástico e, mais pra frente o uso de palmas e violino acompanhando a frente de som.

Rest calm – ‘Rest calm’ é a magnificência na Terra, do começo ao final, a faixa mais dinâmica e organizada do álbum. Já de início você encontra um primeiro momento ritmado e ele é seguido num segundo momento pela mesma sequência com a presença de violinos, com isso você já sabe que a música conseguirá sua alma. Depois que, pra quem leu minhas revisões anteriores já sabe que, as pausas me causam ataques cardíacos e há uma pausa sucinta antes de cada refrão. Aqui também há a interligação Anette-Marco e, como podem perceber, o rearranjo constante dos instrumentos, criando, assim, uma faixa de extrema dinamicidade. É algo até estranho que se use tantas camadas numa música sem fazê-la perder o sentido: sem crianças, dueto, com crianças, sem dueto, põe teclado, tira teclado, dueto, usa orquestra, desusa a orquestra; tudo isso sem perder o selo de qualidade. Destaque para a elevação em 4:38 min.

The crow, the owl and the dove – ‘The crow, the owl and the dove’ é a faixa mais ballad do álbum. Claro que sendo Nightwish o trabalho de intercalar os sons se manterá, por exemplo o lugar do coro, da bateria, da guitarra e do violão assim como a direção da melodia, mas se dá num nível muito menor do que nas músicas anteriores. O foco aqui é mesmo no que está sendo cantado. É uma canção de uma simplicidade – simplicidade essa se comparada às anteriores – tão grande que na época que ela foi liberada na Internet eu me encantei e hoje é uma das mais ouvidas de acordo com meu site da Lastfm.

Last ride of the day – Quando eu ouvi o álbum pela primeira vez eu pensei que o Tuomas talvez devesse ter escolhido essa faixa para promover o álbum uma vez que ela é relativamente comercial por ser acelerada e tudo o mais e também transmite a ideia da montanha-russa que ele tanto quis enfatizar. Essa música não tem tanta alteração sonora, ela mantém os mesmos traços, mais ou menos como ‘Storytime’ fez, só que em minha opinião consegue ser ainda mais viciante.

Song of myself – A minha trilha sonora começa de fato aqui, não só porque ‘Song of myself’ tem alcances vocais extraordinários e o instrumental pensado em ilustrar uma cena grandiosa de cinema, mas também porque a letra é montada de forma poética e termina com um poema de verdade. Lembrando que embora recorde os sons de trilha sonora o symphonic metal se diferencia pelo peso no uso de outras cordas e isso essa faixa faz muito bem. E como toda poesia é preciso que se ouça essa música pra julgá-la de acordo com os seus próprios parâmetros, nenhuma tecnicidade analítica dada por outros pode resumir o alcance de ‘Song of myself’ pra cada um. Só deixo aqui alguns trechos do poema de Walt Whitman escolhido por Tuomas Holopainen para complementar um álbum tão artístico quanto esse:

“I see a slow, simple youngster by a busy street,
With a begging bowl in his shaking hand.
Trying to smile but hurting infinitely. Nobody notices.
I do, but walk by.

An old man gets naked and kisses a model-doll in his attic
It’s half-light and he’s in tears.
When he finally comes his eyes are cascading.

I see a beaten dog in a pungent alley. He tries to bite me.
All pride has left his wild eyes.
I wish I had my leg to spare.

A mother visits her son, smiles to him through the bars.
She’s never loves him more.

An obese girl enters an elevator with me.
All dresses up fancy, a green butterfly on her neck.
Terribly sweet perfume deafens me.
She’s going to dinner alone.
That makes her even more beautiful.

I see a model’s face on a brick wall.
A statue of porcelain perfection beside a violent city kill.
A city that worships flesh”.


Mesmo aquilo que é extremamente triste pode ser, de várias formas, lindo.

Imaginaerum – Eis a faixa que sintetiza a obra inteira, ‘Imaginaerum’ contém um traço instrumental de cada uma das músicas mais marcantes e inaugura uma mistura após a metade da canção também de forma grandiosa, sempre misturando orquestra, impulso sonoro no trabalho da bateria e do teclado e folk. Como eu disse logo de início, é quase impossível para eu criticar negativamente esse álbum pois ele combina demais com todos os pontos relevantes do meu gosto musical, entretanto é continuamente possível o desgosto do mesmo produto final combinando-o com as mais diferentes perspectivas, o ponto aqui é mais o de dividir a minha apreciação mesmo e o porquê dela.

sábado, 24 de março de 2012

Review 3



Nemesea - The Quiet Resistance

Comentários gerais sobre o album: Nemesea não se enquadra num caso diferente, a banda também mudou bastante, porém para outra direção: enquanto as outras duas bandas citadas aqui anteriormente voltaram seus sons para a rapidez, Nemesea manteve o ritmo, o que mudou foi o estilo – parte do álbum é ‘gothic metal’ ao modo antigo e parte do álbum é ‘industrial metal’, parecido com a banda no link que se segue: http://www.youtube.com/watch?v=DZc-pZ4s28M . É um estilo que eu particularmente gosto bastante, então eu fiquei feliz com essa iniciativa da banda. Também acho importante destacar que Nemesea é uma banda que eu descobri o ano passado e, mesmo que eu tenha ouvido um único álbum, teve uma facilidade enorme de entrar para as favoritas.

Caught in the middle – A introdução do álbum apresenta as duas tendências. Já com essa faixa dá pra perceber todos os sons da obra anterior, mas com uma melhoria infinita na qualidade do som. É uma faixa interessante nas pausas propositais a fim de que se crie uma atmosfera diferente com o teclado como acontece em 0:36 min e 01:16 min (que é mais longa). É verdade que há toques eletrônicos, porém em nenhum momento a banda aderiu totalmente a esse estilo ao longo do álbum.

Afterlife – ‘Afterlife’ é a faixa que a banda usou para promover o álbum, eu vejo algo bom e algo estranho nisso: é bom porque eles não saíram mostrando mudança pra ganhar novos ouvintes, e é estranho porque pareceu também um tanto de insegurança uma vez que essa faixa é bem tradicional e garantia a permanência dos fãs. Nemesea não foge muito de Evanescence, são bandas nas quais o instrumental é um acompanhamento e trabalhar o instrumental de forma profunda, quando ocorre, se dá de uma forma experimental; por isso é complicado ficar descrevendo faixa por faixa, o importante para se lembrar é que nesse álbum existe certo tipo de trabalho de início e outro depois de ‘I live’.

Whenever – Essa é a minha segunda faixa favorita. Por quê? Porque ela tem uma característica musical que sempre fez eu me apaixonar por uma música: o refrão não sobe, ele desce. Com isso eu quero dizer que o instrumental e a vocalista sobem por um segundo, mas descem juntos e se mantém na descida por alguns segundos a mais, dando destaque para esse último momento. Um efeito de fazer borbulhar os sentidos. Gosto também da faixa porque ela desloca mais o uso dos instrumentos do que ‘Caught in the middle’ e ‘Afterlife’.

If you could – Nesse ponto eu acredito que a banda tenha perdido algo. E isso porque no álbum anterior, as faixas lentas ou ‘ballads’ causavam uma comoção muito grande no ouvinte, ao ponto de ter sido justamente uma delas que me fez gostar tanto da banda. Agora se eu tivesse ouvido ‘If you could’ para conhecer Nemesea, dificilmente teria baixado as demais músicas. Usaram um instrumental que foi sendo acrescentado gradualmente, mas talvez não tenham pensado direito se a melodia alcançaria as pessoas como ‘The way I feel’ havia feito - http://www.youtube.com/watch?v=H7Agt561bi8 .

High enough – Eis um dueto muito promissor: Charlotte Wessels, vocalista da banda de ‘symphonic metal’ Delain participa dessa música. O início é um padrão de pensamento para duetos: acompanhamento de bateria e a ênfase nas vozes das cantoras. O refrão é tanto mais longo e vai ganhando reforço dos demais instrumentos justamente para ampliar o alcance de ambas as vozes. O meu comentário mais particularizado é que essa música possui duas vozes excelentes, entretanto me enjoa rapidamente.

Say – Faixa favorita do álbum. Eu gosto de como a música muda de tempos em tempos sem te confundir mentalmente: até 00:20 min uma apresentação, em 00:40 min outra ideia toma o lugar, em 01:01 min o refrão e em 1:22 min o som com a guitarra é outro; tudo isto sem te deslocar sensorialmente. Em 02:29 min começa o momento mais perfeito do álbum, o solo de guitarra me soa como uma expressão sufocada – porque grave - e que quando a vocalista retorna dizendo ‘say it like it is’ parece uma libertação. Já de 03:29 min em diante a música é finalizada de forma clássica, o agudo da Manda com o teclado acompanhando e depois o som inicial usado de forma aparentemente mais longínqua? Sensacional.

It’s over – Essa música utiliza pela primeira vez até então o vocal masculino de forma mais palpável, isso não só dá um corpo musical bem agradável como em muitos momentos eu prefiro a voz dele, principalmente de início. Destaque para o solo de guitarra.

I live – Tal faixa é outra tentativa de ‘ballad’ que falha nos mesmos pontos de ‘If you could’ e creio eu que peca ainda mais porque o refrão tem de forçar sua aceitação no ouvinte, o trabalho do piano também é um tanto estático e se você prestar muita atenção no som repetitivo que ele faz vai cansar rápido. São boas faixas amortecedoras no sentido de relaxar a pessoa dos toques anteriores e prepará-la ou para retomá-los ou para colocá-la diante de algo novo.

Stay with me – O caso aqui é o algo novo. Apresento-lhes o uso do ‘industrial metal’ em Nemesea. A tentativa foi bem ministrada: a banda mantém a identidade de ‘gothic’ e usa o ‘industrial’ nos instrumentais que geralmente ‘sobram’, ou seja, início e em alguns pontos determinados da música. De forma geral os refrãos são feitos dentro dos antigos moldes. Destaque para os sons em 02:06 min.

Rush – ‘Rush’ tem algo de especial porque entra de cabeça – no início – nessa nova tendência da banda e me lembrou muito vagamente também o começo dessa música: http://www.youtube.com/watch?v=Zce1QaicJTs . O refrão volta ao normal, mas eu ainda não decidi se esse combinou ou não. De fato, não gera em mim muita estranheza, muito embora o desaguar não seja completamente natural. Em 03:28 min os novos sons vão se desenrolando, mas não deixe de reparar no teclado ao fundo.

Release me – Novamente o ‘industrial’ é transparente até o refrão. O que eu gosto em ‘release me’ é esse compasso do plano vocal e, também, o solo de guitarra que redireciona por alguns segundos a melodia da música lá pro seu final.

2012 – É complicado se expressar sobre essa faixa porque a banda saiu cem por cento do padrão e, embora eu reconheça como favoritas ‘Say’ e ‘Whenever’, não tem uma faixa que eu ame mais a sua criação em ‘The quiet resistance’ do que essa. ‘2012’ é uma faixa etérea e poderosa ao mesmo tempo, na qual há um caráter misterioso que vai te levando pra dentro até ela se energizar lá pros 02:52 min onde você se perde de vez. Se alguém me pedisse pra escolher uma música que definisse o que é o ‘industrial metal’ seria essa.

Allein – Heli Reissenweber é quem participa dessa música. Pelo que eu entendi ele já fez covers de Rammstein e foi chamado para fazer parte dessa faixa. Eu devo admitir que achei que fosse mesmo o Till Lindemann. ‘Allein’ é uma bela faixa de finalização, o misto de voz feminina em inglês com a voz masculina em alemão fez um trabalho de uma lógica interna muito condizente. Destaque para a pausa em 03:06 min.

sábado, 17 de março de 2012

Review 2



Evanescence - Evanescence

Comentários gerais sobre o álbum: Bom, é necessário explicitar alguns pontos pessoais e alguns gerais logo de início a fim de que a crítica fique embasada de forma mais clara: o Evanescence, em minha opinião, é uma banda que só pode ser compreendida de uma forma justa se tiver suas músicas cantadas junto com a vocalista, Amy Lee. Nunca acreditei que fosse uma dessas bandas feitas só pra se ouvir, se fosse não só não geraria o mesmo sentimento como perderia demais na qualidade e alcance. Evanescence é uma banda americana de rock alternativo, então fica complicado analisar em termos de ‘trabalho’ no mesmo nível analisado nas músicas que usam grandes sinfonias – ex. Within Temptation.

De forma mais geral, há um sintoma muito presente nas bandas atuais: elas se aceleraram e se simplificaram. Acredito que isto se dê da continuidade de uma tendência mundial que tem seu processo iniciado não há muito tempo, porém com o aumento gradual da comunicação global ela vem se acentuando também na música, principalmente americana e das culturas que bebem mais diretamente dela. Se as bandas europeias tem aderido à essa maneira produtiva, como não iria uma banda dentro do próprio Estados Unidos? Eu só queria deixar esses pontos claros porque não adianta julgar essas bandas com negatividade, é uma tendência extenuada que não oferece muita frente de batalha para quem se encontra justamente no centro.

What you want: A música inicial já apresenta a tendência com o uso de um ritmo mais acelerado e de toques característicos de, digamos assim, ‘outros estilos musicais’. A apresentação do refrão, ou seja, os segundos anteriores ao refrão foram bem pensados de forma que uma parte encaixa com a outra sem dificuldade sonora. Para retornar à música eles usaram uma batida bem rápida com a bateria que também combinou com o momento. O teclado durante a música fica procurando um lugar e achei isso desnecessário, mas de resto é um bom som. Destaque para a constante mudança de ênfase da bateria.

Made of stone: A presença de instrumentos é escassa nesse álbum, no entanto eu acho que foram bem utilizados na maioria das músicas. Nessa, por exemplo, o foco todo do instrumental é somente o de acompanhar a Amy, tanto que colocaram uma segunda voz em algumas partes para querer dizer: ‘Hey, nessa música você deveria estar prestando atenção à vocalista!’ e eu acho que é bem isso, o instrumental dela não me cativou pelo menos.

The change: ‘The change’ se apresenta no primeiro minuto de música. Penso que ela cai no mesmo esquema da anterior até esse ponto, o instrumental é um mero meio, tanto que se agita quando chega ao refrão e acalma logo posteriormente a ele. Mas ela apresenta algo diferente mais pra frente em 02:12 min e vai até 02:43 min quando cria uma introdução para um refrão diferenciado.

My heart is broken: Um encaixe de faixas que mantém a guitarra e apresenta um uso devido do piano. Até 0:23 min há uma apresentação de uma das camadas marcantes dessa música, um misto de voz e piano muito bem formado. A partir de 0:24 min se apresenta outra camada: voz, guitarra, bateria e o piano mais acelerado. Em 0:55 min o piano é praticamente sufocado. Essa é uma das estratégias musicais de efeito, de forma que, quando ele retornar, cause uma impressão maior. E em 01:42 min é exatamente tal efeito que se dá. O esquema se repete com pouquíssima variação sonora até 02:51 min: primeira parte apresenta voz, guitarra e bateria, já a segunda põe o piano como pano de fundo para o momento seguinte que vai pegar as características da primeira camada – voz e piano. Sempre penso nessa faixa como uma das mais complexas e admiráveis do álbum porque envolveu muitas camadas e a troca constante de lugar dos instrumentos.

The other side – Essa música faz um misto de ênfase instrumental/voz que deve ser pensado minuciosamente como foi feito em ‘My heart is broken’. O início é simples: um compasso de bateria, a guitarra acompanhando e enfim a voz que entra pra seguir esses passos. O instrumental faz leves pausas entre alguns segundos. Eu não sei a opinião geral, mas isso sempre foi um antídoto de amor pra mim. A pausa, mesmo que realmente relapsa como é esse o caso, cria uma expectativa ínfima e que, quando é preenchida, propicia prazer.

O misto que eu disse anteriormente faz parte desse ciclo: o instrumental acompanha a vocalista até o refrão, nesse ponto ela ganha a ênfase. Mesma coisa ocorre até 02:28 min, é aí que instrumental e voz revezam a atenção do ouvinte. Nem preciso dizer que a jogada com o piano e o instrumento de cordas é brilhante, né? E eu digo jogada porque não eram instrumentos esperados e foram isolados somente para servir ao propósito de tornar a música mais agradável naquele momento. Brilhante.

Erase this – Se há duas faixas que eu não soube exatamente como interpretar são ‘Erase this’ e ‘Sick’, não soube muito na época que o álbum foi lançado e não sei ainda agora. Mas vou tentar, já que a proposta aqui é essa, explicar porque essas duas faixas não me apetecem muito. Em ‘Erase this’ eu não consigo encontrar qual foi a intenção de quem produziu, minha cabeça não sabe em qual som se manter, então ela fica indo de um lado para o outro e isso me incomoda um tanto. A faixa é agradável se o ouvinte se propuser a cantá-la, principalmente porque há um clímax em 02:18 min que é gostosinho de acompanhar.

Lost in Paradise – Masterpiece. É a primeira música desacelerada no álbum até então, a introdução lenta com o piano é, no mínimo, muito relaxante. A faixa é linda, muito bem composta. É o que eu chamo normalmente de uma faixa harmônica – isso quer dizer que tudo encaixa sonoramente de forma a te incluir na música e não te deixar nela de forma passiva, na de um ouvinte. Para isso, ela te toca não só no uso dos instrumentos mas também na letra e na forma como esta é utilizada. A guitarra veio a calhar porque é uma intensificadora nas emoções que a música já tinha oferecido. Essa faixa dispensa análise detalhada, ela é perfeita por si e eu espero que todos que a ouçam possam sentir-se de forma similar sobre ela. :)

Sick – A ‘Sick’ já me gera um desgosto diferente se comparado ao gerado por ‘Erase this’. Essa música começa de uma forma apreciável e lá pra 0:40 min ela muda a ideia que havia direcionado naqueles primeiros segundos. A repetição de frases e a agudeza acelerada na voz da Amy fizeram com que a faixa destoasse do padrão de músicas do álbum. Por um lado isso é bom porque mostra uma capacidade de ir além da banda, por outro ela gera um sentimento de estranheza que, eu pelo menos, ainda não consegui superar. Talvez a colocação da nova ideia não tenha ficado boa como uma faixa oito, talvez fosse melhor tê-la colocado para fechar o álbum.

End of the dream – Ah, a arte de deixar a bateria em um plano superior ao da guitarra. Então, veja bem, ‘End of the dream’ é uma música bem intensa: ela tem a proposta de uma ênfase diferenciada que, como eu explicitei, é na bateria e que frequentemente intercala com a vocalista. Portanto, é uma música equilibrada, o que é complicado no campo do rock porque não se pode deixar muito a guitarra de lado. O destaque é voltado para essa ‘diferenciação’.

Oceans – É engraçado como existe certo padrão musical: a faixa ‘comercial’, a ballad, a que rememora os álbuns anteriores e a que traz as novas tendências. Isso é quase tão sintomático que é difícil não acabar classificando. ‘Oceans’ é a faixa que mixa as tendências novas com os traços do Evanescence anterior. É uma canção que eu particularmente gosto muito. Ela se inicia com um vocal ritmado e demora relativamente a introduzir o uso de guitarra, também deixa em evidência o baixo em algumas partes. A utilização de uma segunda voz exatamente do jeito que foi colocada deu a ideia do movimento de oceano, ou pelo menos assim me pareceu e, embora a música seja repetitiva no âmbito do refrão, ela tem algo de inovador a oferecer nos pontos que destaquei.

Never go back – Essa é outra faixa que nada tem a acrescentar e é bem parecida com a anterior: bateria e guitarra em primeiro plano e dá para ouvir um baixo se agitando logo de início e em algumas partes localizadas; difere de ‘Oceans’ só no aspecto de não introduzir as novas tendências, todo o resto do instrumental já foi bem reutilizado ao longo do álbum. Destaque para 02:24 min com uma nova forma de sequenciar piano, voz e bateria.

Swimming Home – ‘Swimming Home’ é a música lenta dentro da nova tendência musical. A batida seguida de uma letra romântica já é ouvida com frequência nas rádios mundiais e é a mesma fórmula usada de formas delicadamente diferentes – over and over again. Penso que o que há para oferecer nessa faixa é somente a voz da Amy.

PS: Há uma faixa extra que vale muito a pena conferir: ‘Say you will’, ela cai dentro do estilo mais Fallen de fazer música.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Review 1




Within Temptation - The Unforgiving

Comentários gerais sobre o álbum: eu penso que a ideia toda de construir um álbum musical em cima de uma história em quadrinhos foi realmente brilhante, porém a qualidade da produção sonora gerada pela voz da Sharon den Adel diminuiu em alcance de forma igualmente proporcional. Então dá pra se dizer que é um álbum devidamente equilibrado, perdeu ali e trouxe algo de novo aqui.

Shot in the dark – O início dessa música gera uma expectativa muito grande sobre o álbum, penso eu, e nem preciso dizer que o vocal pausado ajuda nesse efeito, não é? Como ocorre em geral nas faixas do álbum em questão, o fundo musical é raso, no sentido de poucos instrumentos; mas rico no que dá pra tirar de cada um deles. O direcionamento é voltado para o refrão de forma que dessa música é basicamente isso que dá pra tirar: ela vai até o refrão de forma pausada, ganha vida, volta do refrão com energia, mas ainda pausado e em cada um dos refrãos recobre a dualidade. Total destaque nessa faixa para o vocal pausado.

In the middle of the night – Essa música se inicia como se ela desse continuidade à energia apresentada na anterior, tanto que ela é justamente mais acelerada. Nessa faixa a banda apresenta de fato a mudança musical deles: a melodia entre o não-refrão e o refrão não precisa ser necessariamente harmônica como antes era de forma que costumava conectar uma parte à outra sem qualquer estranheza, isso já não ocorre mais. A ligação existe, só que não ocorre da mesma forma. Afinal, é um tanto esquisito o refrão subir de forma demasiada, embora os tons combinem, ou seja, é diferente mas em nenhum aspecto forçado. Destaque para as partes de guitarra e teclado pós-refrão.

Faster – Faster é a faixa mais comercial do álbum. É compreensível por que a escolheram para promover o álbum uma vez que ela é fácil de ser decorada e tem um instrumental bem catchy. Ela é o melhor exemplo do que eu disse anteriormente sobre uma música que encaixa no refrão sem estranheza, é um desaguar natural inclusive que acontece nessa única música por razões não tão complicadas de serem entendidas como explicitado anteriormente.

Fire and ice – A primeira música que desacelera o álbum e te introduz num novo ritmo é essa. Música linda e muito bem trabalhada por sinal. Ela trabalha, de forma inédita nesse álbum, a voz da Sharon em primeiríssimo plano. Destaque para uma primeira metade de música que não precisa te convencer de absolutamente nada. A segunda metade já retorna aos poucos para preparar o ouvinte em relação à música seguinte, com um acompanhamento ritmado de bateria e coro.

Iron – E chegamos à minha faixa favorita. Iron é a música mais complexa do ‘The Unforgiving’ e por isso mesmo ela me lembrou bastante dos trabalhos anteriores e ajudou a matar a saudade da sinfonia costumeira. Existe um jogo instrumental que funciona em ciclo: as guitarras, o teclado e o vocal repetem-se até chegar em 03:26 min, momento no qual ocorre o clímax não só da música mas também, e principalmente, do álbum – uma vez que essa é a faixa que divide o álbum na metade. No final da faixa o tom da vocalista desce um pouco, o que torna a música de longe a mais forte e marcante dessa obra.

Where is the edge – Veja bem que Iron se encontra entre as duas faixas mais lentas não por mera coincidência, isso a torna especial bem como destaca ambas ‘Fire and Ice’ e ‘Where is the edge’. Essa faixa introduz alguns traços da música eletrônica, os quais serão a ênfase da faixa que a segue. No entanto, o destaque de ‘Where is the edge’ é difícil de classificar porque é uma música que combina um refrão longo com pequenos detalhes eletrônicos, portanto é uma inovação da banda por si só.

Sinéad – Se podia ser difícil reconhecer traços eletrônicos em ‘Where is the edge’, ‘Sinéad’ não deixa quaisquer dúvidas: você estará entrando num ambiente novo, descolado, uma mega mistura de rock clássico do estilo anos 80 com as danceterias atuais. Ela te mergulha numa mera introdução que se prolonga até 01:35 min e retorna em 02:21 min. E é de fato uma inovação pro Within Temptation que possui uma ideia excelente, porém ela peca no sentido amortecedor da música, a faixa não tem nenhum ponto realmente forte e a letra que tende a rimar de duas em duas frases pega, mas não cativa.

Lost – Outra separadora de oceanos. Essa é outra faixa que deixa a voz da Sharon em evidência uma boa parte do tempo e tem um refrão muito bonito. O acompanhamento dos instrumentos também não é gigante, somente o necessário. Acredito eu que essa faixa foi mais pensada no sentido de fazer a letra tocar os ouvintes porque ela aperta os botões certos para tal: a mudança de tom no final do refrão e a entrada de uma voz cantada de forma mais chorosa de fundo são elementos que juntos funcionam de forma a gerar certa angústia. A repetição de “buried alive” mais isoladamente também contribui de maneira direta para a execução de tal efeito.

Murder – Eu disse separadora de oceanos antes porque ‘Murder’ e ‘A demon’s fate’ recobram bastante as características das primeiras faixas. ‘Murder’ por exemplo é uma música mais acelerada de traços sonoros agudos que dão exatamente a ideia de que alguém pretende matar e a voz mais grave da Sharon contribui bastante pra isso, pelo menos de início. O refrão muda um pouco sobre o tom de voz, o qual está bem normalizado. O final da música é fantástico também no trabalho com a guitarra. Destaque principal dessa faixa para a ideia brilhante de sons curtos que reproduzem o que parecem grupos de pessoas gritando logo após o primeiro refrão, o que combina bastante com a vibe da canção.

A demon’s fate – Já ‘A demon’s fate’ é uma música que ricocheteia entre o metal sinfônico e as tendências de discoteca usadas em ‘Sinéad’. É outra combinação forte nos moldes acelerados da atualidade que mantém o quê da própria banda, e diferente da ‘Sinéad’ essa faixa tem algo marcante entre 03:42 e 04:10 min. De forma geral eu acho que essa música sintetiza a maioria das tendências que eles procuraram usar ao longo do álbum intercalando o que havia de tradicional no som deles com o que eles apresentam de novo.

Stairway to the skies – Nem preciso dizer que o nome é uma homenagem ao Led Zeppelin, preciso? Como agradecimento à inspiração pelo rock dos anos 70-80 essa faixa é um tributo. É uma música bem lenta que abusa do fator antes citado: a música não te prepara para o refrão e ele distoa bastante da mesma, o que não a faz nem um pouco menos aproveitável do que as demais, muito pelo contrário. O gostoso dessa música é que ela não possui nada de comercial, ela é o que ela é e tem pra oferecer um grande impulso de recomeçar o álbum.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Fósforos na Chuva.

Às vezes eu penso que existe uma parte do ciclo que perpassa as pessoas na qual elas são como fósforos e estão na chuva. Eu não sei dizer exatamente qual seria o gatilho mais forte pra fazê-las pegar fogo novamente, mas sei que existem vários graus deles agindo sobre as mais variadas pessoas. Talvez - e só talvez - o mais forte seja de fato a própria pessoa.
O problema é que ela tem passado tanto tempo na chuva que já criou uma casca chamada conforto e ela nem lembra mais como era brilhar e se sentir aquecida. Ela olha na rua e vê outros fósforos de passagem, eles não a servem de exemplo porque sempre está chovendo e a diferença vive naqueles que ficaram na chuva e naqueles que só estão passando por ali. Mas como saber?

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Já chegou um ponto na sua vida no qual você não sabe ao certo se é o cansaço de existir que te faz ficar constantemente pra baixo ou se são as coisas acontecendo e as pessoas ao seu redor que aumentam essa sensação, existente em quantidades diferentes a se mostrarem de formas assimétricas o tempo todo em todo mundo? Essa é provavelmente uma daquelas respostas que englobam os dois lados da pergunta, que como sempre estão interconectados a um nível que a olho nu e ligações nervosas limitadas não podemos entender ao certo.

Eu não sei se é só uma fase na qual a ordenação tem se provado tão antinatural, porém eu sei que a espécie de impulso que me levou até este pedaço de papel nada teve de planejada, e talvez seja melhor assim.

Provavelmente você está com medo – agora ou amanhã não importa. Dada a sua insignificância, qual seria o sentido de o impulso existencial ser movido a poder? Ou, talvez, que tal se ele fosse movido a temores? Pequena hipocrisia, a de criticar os “grandes” e, no entanto, querer roubar-lhes as posses.

Não é agradável. O fim. Eu vi tudo.

Aquela dança é feita de acordo com o movimento da lua. – Então, se não houver lua, não há dança? – Não é exatamente assim, se é feita de acordo com a lua só significa que você precisa manter um número de movimentos em código na sua cabeça. – Entendi! E quando eu começo a aprender? – Isso já começou faz milênios, todos têm praticado a mesma dança. Talvez você devesse procurar outro astro para simbolizar os seus atos.

Sem enganos eu sou a felicidade. Fui atada mais recentemente a um entremeio histórico complicado: por um lado o racionalismo me possui, por outro lado o romantismo não se perdeu. Isto significa que aqueles que me tem como meta na vida deles vão crer que o meio é o dinheiro – e que certas pessoas não importam, afinal, escolher o indivíduo é ser racional -, mas ao mesmo tempo, eles vão achar que os entes queridos nunca foram mais preciosos para a construção do próprio trono – nesse ponto que as coisas ficaram romantizadas. Dessa forma a pessoa vai lutar entre esses dois lados do jogo de prioridades e, eventualmente, vai descobrir

Ele morreu dizendo que as pessoas precisavam de um herói, não um estadista qualquer, mas um completo exemplo, algo diferente de tudo que já tivemos por aqui ou por quaisquer destas terras!

Você sofre por querer ordenar as coisas, por querer que os outros cheguem às mesmas conclusões que você, por querer que te entendam, por querer ser amado, por querer que te tenham como prioridade às vezes quando ninguém tem - nem você mesmo. Como querer que um sequer olhasse para o outro se ele foi treinado desde cedo a sobreviver cada vez mais sozinho? Querendo tudo isso? Ah!

Nunca entenderás o que há na cabeça alheia. Solidão e morte.