segunda-feira, 12 de março de 2012

Review 1




Within Temptation - The Unforgiving

Comentários gerais sobre o álbum: eu penso que a ideia toda de construir um álbum musical em cima de uma história em quadrinhos foi realmente brilhante, porém a qualidade da produção sonora gerada pela voz da Sharon den Adel diminuiu em alcance de forma igualmente proporcional. Então dá pra se dizer que é um álbum devidamente equilibrado, perdeu ali e trouxe algo de novo aqui.

Shot in the dark – O início dessa música gera uma expectativa muito grande sobre o álbum, penso eu, e nem preciso dizer que o vocal pausado ajuda nesse efeito, não é? Como ocorre em geral nas faixas do álbum em questão, o fundo musical é raso, no sentido de poucos instrumentos; mas rico no que dá pra tirar de cada um deles. O direcionamento é voltado para o refrão de forma que dessa música é basicamente isso que dá pra tirar: ela vai até o refrão de forma pausada, ganha vida, volta do refrão com energia, mas ainda pausado e em cada um dos refrãos recobre a dualidade. Total destaque nessa faixa para o vocal pausado.

In the middle of the night – Essa música se inicia como se ela desse continuidade à energia apresentada na anterior, tanto que ela é justamente mais acelerada. Nessa faixa a banda apresenta de fato a mudança musical deles: a melodia entre o não-refrão e o refrão não precisa ser necessariamente harmônica como antes era de forma que costumava conectar uma parte à outra sem qualquer estranheza, isso já não ocorre mais. A ligação existe, só que não ocorre da mesma forma. Afinal, é um tanto esquisito o refrão subir de forma demasiada, embora os tons combinem, ou seja, é diferente mas em nenhum aspecto forçado. Destaque para as partes de guitarra e teclado pós-refrão.

Faster – Faster é a faixa mais comercial do álbum. É compreensível por que a escolheram para promover o álbum uma vez que ela é fácil de ser decorada e tem um instrumental bem catchy. Ela é o melhor exemplo do que eu disse anteriormente sobre uma música que encaixa no refrão sem estranheza, é um desaguar natural inclusive que acontece nessa única música por razões não tão complicadas de serem entendidas como explicitado anteriormente.

Fire and ice – A primeira música que desacelera o álbum e te introduz num novo ritmo é essa. Música linda e muito bem trabalhada por sinal. Ela trabalha, de forma inédita nesse álbum, a voz da Sharon em primeiríssimo plano. Destaque para uma primeira metade de música que não precisa te convencer de absolutamente nada. A segunda metade já retorna aos poucos para preparar o ouvinte em relação à música seguinte, com um acompanhamento ritmado de bateria e coro.

Iron – E chegamos à minha faixa favorita. Iron é a música mais complexa do ‘The Unforgiving’ e por isso mesmo ela me lembrou bastante dos trabalhos anteriores e ajudou a matar a saudade da sinfonia costumeira. Existe um jogo instrumental que funciona em ciclo: as guitarras, o teclado e o vocal repetem-se até chegar em 03:26 min, momento no qual ocorre o clímax não só da música mas também, e principalmente, do álbum – uma vez que essa é a faixa que divide o álbum na metade. No final da faixa o tom da vocalista desce um pouco, o que torna a música de longe a mais forte e marcante dessa obra.

Where is the edge – Veja bem que Iron se encontra entre as duas faixas mais lentas não por mera coincidência, isso a torna especial bem como destaca ambas ‘Fire and Ice’ e ‘Where is the edge’. Essa faixa introduz alguns traços da música eletrônica, os quais serão a ênfase da faixa que a segue. No entanto, o destaque de ‘Where is the edge’ é difícil de classificar porque é uma música que combina um refrão longo com pequenos detalhes eletrônicos, portanto é uma inovação da banda por si só.

Sinéad – Se podia ser difícil reconhecer traços eletrônicos em ‘Where is the edge’, ‘Sinéad’ não deixa quaisquer dúvidas: você estará entrando num ambiente novo, descolado, uma mega mistura de rock clássico do estilo anos 80 com as danceterias atuais. Ela te mergulha numa mera introdução que se prolonga até 01:35 min e retorna em 02:21 min. E é de fato uma inovação pro Within Temptation que possui uma ideia excelente, porém ela peca no sentido amortecedor da música, a faixa não tem nenhum ponto realmente forte e a letra que tende a rimar de duas em duas frases pega, mas não cativa.

Lost – Outra separadora de oceanos. Essa é outra faixa que deixa a voz da Sharon em evidência uma boa parte do tempo e tem um refrão muito bonito. O acompanhamento dos instrumentos também não é gigante, somente o necessário. Acredito eu que essa faixa foi mais pensada no sentido de fazer a letra tocar os ouvintes porque ela aperta os botões certos para tal: a mudança de tom no final do refrão e a entrada de uma voz cantada de forma mais chorosa de fundo são elementos que juntos funcionam de forma a gerar certa angústia. A repetição de “buried alive” mais isoladamente também contribui de maneira direta para a execução de tal efeito.

Murder – Eu disse separadora de oceanos antes porque ‘Murder’ e ‘A demon’s fate’ recobram bastante as características das primeiras faixas. ‘Murder’ por exemplo é uma música mais acelerada de traços sonoros agudos que dão exatamente a ideia de que alguém pretende matar e a voz mais grave da Sharon contribui bastante pra isso, pelo menos de início. O refrão muda um pouco sobre o tom de voz, o qual está bem normalizado. O final da música é fantástico também no trabalho com a guitarra. Destaque principal dessa faixa para a ideia brilhante de sons curtos que reproduzem o que parecem grupos de pessoas gritando logo após o primeiro refrão, o que combina bastante com a vibe da canção.

A demon’s fate – Já ‘A demon’s fate’ é uma música que ricocheteia entre o metal sinfônico e as tendências de discoteca usadas em ‘Sinéad’. É outra combinação forte nos moldes acelerados da atualidade que mantém o quê da própria banda, e diferente da ‘Sinéad’ essa faixa tem algo marcante entre 03:42 e 04:10 min. De forma geral eu acho que essa música sintetiza a maioria das tendências que eles procuraram usar ao longo do álbum intercalando o que havia de tradicional no som deles com o que eles apresentam de novo.

Stairway to the skies – Nem preciso dizer que o nome é uma homenagem ao Led Zeppelin, preciso? Como agradecimento à inspiração pelo rock dos anos 70-80 essa faixa é um tributo. É uma música bem lenta que abusa do fator antes citado: a música não te prepara para o refrão e ele distoa bastante da mesma, o que não a faz nem um pouco menos aproveitável do que as demais, muito pelo contrário. O gostoso dessa música é que ela não possui nada de comercial, ela é o que ela é e tem pra oferecer um grande impulso de recomeçar o álbum.

2 comentários:

  1. Acabo de entender porque a Iron é a sua favorita :) Música com ímpeto.

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  2. Gostei muito da review toda :3

    Acho que você podia falar mais, ir além da estrutura da música e do álbum. Falar mais da sua interpretação das músicas, as imagens e emoções que elas fazem aparecer aí.

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