terça-feira, 28 de maio de 2013

Sacolas.

É inevitável não pensar que as coisas voltam ao mesmo ponto, à aquela espiral; o mesmo sentimento renovado apenas pelo motivo que o desencadeou. Você segue a rotina e encontra as mesmices, mentais ou não, elas estão ali. Então você resolve mudá-la um pouco e aquela agitação logo se esvai, tudo não passa de uma enganação. E o pior tipo delas, o tipo que é você mentindo pra si mesmo consciente da falácia.

São só essas sacolas que você já nasce e tem que carregar, sabe? Se você é cristão tem de seguir uma determinada moral, se você se descobre ateu você acha que nada mais tem sentido e vive num niilismo estúpido, esculpido por uma ciência comprada e um intelectualismo com data de validade. Mas em cada grupinho que você se encaixou, você nem tenta ver suas delimitações e cai de cabeça.

Tudo isso me deixa bem triste. Penso que as palavras só existem nelas mesmas e que as pessoas se prenderem a elas a ponto de se definirem com elas todo o tempo como se fossem morrer amanhã de inanição é, no mínimo, muito solitário. Ser isso ou ser aquilo como se a abstração fosse verdadeira, acreditar sem poder ver ou sentir ao mesmo tempo em que você pode explicar, é vazio.

Precisamos acreditar em algo? Minha escassa experiência de vida diz que sim, mas também diz que por tempo limitado. Que você tem o potencial para mudar de escamas e não pode vê-lo porque acha que as sacolas que te deram são as únicas possíveis. E mesmo assim mudamos, só mudamos o superficial e nos agarramos à convicções que existem somente dentro de nós. Vivemos e morremos sem experimentar nada mais verdadeiro do que isso.

E é esse sentimento de cognição que sempre retorna, pelo menos aqui, e me deixa absolutamente cansada de tudo que segue nessa mesma direção. Cada dia mais eu penso que as coisas que aqui me fixam têm de valer a pena, porque senão, não tem porque continuar com a mesma embalagem.

sábado, 11 de maio de 2013

Correlação.

É engraçado que, dentro desses meus poucos anos de vida, eu consiga achar o corpo feminino muito belo, escultural e sexy, mas não o masculino. Na verdade, para ver alguma dessas características em um homem eu preciso forçar bastante ou, então, os traços do rosto devem parecer com os traços femininos, daquilo que é considerado "bonito" no rosto de uma mulher. Bom, vocês sabem o que significa a palavra sexy? Uma pessoa que pode ser atraente ou excitante aos olhares. Então, espera! Eu, mulher, consigo reconhecer isso com relação a outra mulher e não com um homem?! É. E por que será, não é mesmo? Não é porque a mulher é "naturalmente mais bela" ou porque "homens tem mais pelos e são mais barrigudos!". Esses são argumentos rasos e fora de qualquer consciência de construção social. Vivemos o ápice da "objetização" da mulher através de sua imagem. Este fator ligado a alguns outros, tem transformado cada vez mais isso:


Nisso:


Uma coisa, na minha humilde opinião, é termos atração sexual por um ou por outro sexo. Outra coisa bem diferente, é pegarmos um só e levarmos ao máximo de sexualização possível e chamarmos isso de saudável. Eu não vim falar de feminismo hoje, embora seja importante lembrar que qualquer luta por uma situação melhor pra nós, mulheres, nunca matou ninguém. E o machismo mata, diariamente. Sempre que a ideia de posse masculina é ameaçada, o esquema todo se torna um risco enorme pra mulher. Sem falar de estupros. Eu vim falar mesmo de algo que correlacionei com essa exposição constante da mulher. O que vocês sentem quando veem isso:


?

Esse é o Fauno de Barberini. Para quem ainda não sabia, em determinado momento na Grécia, o homem era mais intensamente relacionado ao prazer sexual do que a mulher. A mulher servia como aquela que reproduz. E o prazer sexual era reservado para os ritos de passagem e para o prazer também. Portanto, você encontraria muitas imagens nuas dos homens na Grécia, e não das mulheres. Obviamente que o nu da época, o nu masculino, não tem SÓ essa intenção. Mas fica fácil compreender porque alguma inclinação para isso haveria de ter. No entanto, não lhe falta algo? Não faltou algo ao Sátiro nu? Sim. Ele não é inferior. Ele não serve e vai embora. Não é usado, nem é refeição. Os gregos, no geral,cultuavam essas imagens, elas lhe representavam algo elevado. E as mulheres, o que elas representam para nós mesmo?