quarta-feira, 2 de maio de 2012

Em meio às tantas direções...

Eu vivo o meu tempo, e estou em contradição com ele. É bem verdade que este texto é só uma mera confissão de muita abrangência - senão toda - pessoal, talvez ele vá guiar mais alguém pelos mesmos meandros que o meu pensamento seguiu, ou talvez não, não importa. O mundo quando eu era criança se resumia numa única função e desejo, pelo menos até os meus seis/sete anos de idade: ser arqueóloga. É claro que as intempéries já da vida adolescente foram ampliando esses horizontes e mesmo antes eu ligava à ideia de profissão também aquela de aventura propriamente dita. Naquela fase da decisão praticamente 'obrigatória' de um futuro a ser percorrido, eu me encontrei em dúvida entre filosofia e biologia. Filosofia porque sempre achei um descaso e falta de interesse na formação dos seres a exclusão dessa disciplina. E biologia porque eu naturalmente me interessava pelo funcionamento do mundo ao meu redor. Ambas explicações de forma bem sucinta. Enfim, eu escolhi por fazer história antes de toda e qualquer coisa e não me arrependo disso. Mas o que me leva a escrever hoje são as barreiras que vejo em meus - ainda tantos - desejos restantes: eu quero levar aquela vida de aventureira nem que seja por alguns meses, nem que eu negue o lado nômade da coisa ou mesmo arqueológico, só por realizar essa vontade mesmo. Eu quero com isso poder repensar tantas cristalizações culturais que eu tenho com um conhecimento tão ínfimo e recluso a uma porcentagem minúscula desse território brasileiro. Ampliar horizontes, ir além das leituras, além do conhecimento que, por mais que não seja estático, deixa de trazer vida e experiência às afirmações dadas. Eu quero poder cantar, mesmo que seja para um público pequenino e, com o canto, retomar minhas aulas de teoria musical para poder também retornar às aulas de violino que tanto me fizeram bem. Eu quero poder escrever livremente, sem restrições de pensamento por conta de 'áreas do conhecimento'. Eu quero conhecer, cantar, pintar, tirar fotos, desenhar, viajar, ver, escrever, 'criar'. Essa é uma confissão de desejos que estão sendo no momento afogados lentamente para um futuro 'eu', um 'eu' que se mobilize hoje ou amanhã ou qualquer dia talvez para não deixar que o pouco de minha história que se traçou se perca de forma insignificante em meio às exigências de uma sociedade doente.